A PALAVRA A...
Carlos Alves
O lugar da escola na educação para a cidadania
A crise de representação e o individualismo são uma tendência generalizada. Cabe à escola ser um espaço privilegiado de discussão e formador de uma cidadania ativa, crítica e atenta aos problemas e desafios do seu tempo.
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Num cartaz, recente, cuja fotografia circulou nas redes sociais, podia ler-se num “português açucarado” a seguinte fábula política:
"A formiga com raiva da barata, votou no inseticida. E todo mundo morreu. Inclusive o grilo que se absteve do voto."
É óbvia a crítica implícita a uma indiferença, discriminação e preconceito que matam indiscriminadamente, mais a falta de empenhamento dos cidadãos que permitem e consentem esse desfecho.
A cidadania e as questões a si associadas vêm ocupando a ordem do dia e estão presentes nos media e na agenda política e educativa, granjeando até dimensão e espaço curricular. Porém, como se carateriza a cidadania do século XXI e qual o papel e responsabilidade da escola para a sua formação?
É impossível não nos lembrarmos de Malala Yousafzai, ativista paquistanesa vítima de um ataque e baleada na cabeça ou da morte da vereadora Marielle Franco. Ambas as situações enfatizam os riscos e a necessidade de uma cidadania empenhada e comprometida com os valores democráticos. Porém, continuam elevadas as taxas de abstenção, crescem os extremismos e o populismo e a internet que contribuiu para as mobilizações da Primavera Árabe e divulgou o cartaz criticando o status quo atual é a mesma que serve de veículo transmissor de fake news e vicia argumentações com os seus algoritmos tendenciosos.
A crise de representação e o individualismo são uma tendência generalizada. Cabe à escola ser um espaço privilegiado de discussão e formador de uma cidadania ativa, crítica e atenta aos problemas e desafios do seu tempo.
Orientar para o reconhecimento e reflexão de um perigoso relativismo moral reinante e de uma visão egocêntrica e comodista dos valores pouco comprometida com o outro. No respeito deste, unicamente, quando isso é sinónimo de concordância com as suas posições e opções.
A construção de uma sociedade inclusiva, combatendo os desequilíbrios, proporcionado igualdade de oportunidades, empenhada na abertura ao outro e respeitadora da diferença continua a ser uma necessidade, senão uma urgência.
Uma educação para a cidadania deverá fomentar o pensamento crítico, a pluralidade e o empenhamento do cidadão com o bem estar coletivo, alertando para os perigos de um olhar preconceituoso e de fechamento ao outro.
A escola é o local privilegiado para o aprender. Não o fazer, esvaziando a oportunidade atual de interesse, cedendo à ditadura dos rankings é desvirtuar a sua função ancestral: ensinar.
"A formiga com raiva da barata, votou no inseticida. E todo mundo morreu. Inclusive o grilo que se absteve do voto."
É óbvia a crítica implícita a uma indiferença, discriminação e preconceito que matam indiscriminadamente, mais a falta de empenhamento dos cidadãos que permitem e consentem esse desfecho.
A cidadania e as questões a si associadas vêm ocupando a ordem do dia e estão presentes nos media e na agenda política e educativa, granjeando até dimensão e espaço curricular. Porém, como se carateriza a cidadania do século XXI e qual o papel e responsabilidade da escola para a sua formação?
É impossível não nos lembrarmos de Malala Yousafzai, ativista paquistanesa vítima de um ataque e baleada na cabeça ou da morte da vereadora Marielle Franco. Ambas as situações enfatizam os riscos e a necessidade de uma cidadania empenhada e comprometida com os valores democráticos. Porém, continuam elevadas as taxas de abstenção, crescem os extremismos e o populismo e a internet que contribuiu para as mobilizações da Primavera Árabe e divulgou o cartaz criticando o status quo atual é a mesma que serve de veículo transmissor de fake news e vicia argumentações com os seus algoritmos tendenciosos.
A crise de representação e o individualismo são uma tendência generalizada. Cabe à escola ser um espaço privilegiado de discussão e formador de uma cidadania ativa, crítica e atenta aos problemas e desafios do seu tempo.
Orientar para o reconhecimento e reflexão de um perigoso relativismo moral reinante e de uma visão egocêntrica e comodista dos valores pouco comprometida com o outro. No respeito deste, unicamente, quando isso é sinónimo de concordância com as suas posições e opções.
A construção de uma sociedade inclusiva, combatendo os desequilíbrios, proporcionado igualdade de oportunidades, empenhada na abertura ao outro e respeitadora da diferença continua a ser uma necessidade, senão uma urgência.
Uma educação para a cidadania deverá fomentar o pensamento crítico, a pluralidade e o empenhamento do cidadão com o bem estar coletivo, alertando para os perigos de um olhar preconceituoso e de fechamento ao outro.
A escola é o local privilegiado para o aprender. Não o fazer, esvaziando a oportunidade atual de interesse, cedendo à ditadura dos rankings é desvirtuar a sua função ancestral: ensinar.
Carlos Alves
Professor e investigador (IPRI | Observatório Político)
Responsável pelo Fórum Intervenção| Fórum permanente de discussão e reflexão política para a promoção da Cidadania Ativan
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