HISTÓRIAS DA EDUCAÇÃO
Manuela Cunha
"Nana com o Jesu, Possora Mau-ela!"
Já não me importo com a minha avaliação enquanto professora, porque a avaliação mais fiel tu já a fazes. Tu e todos os outros alunos que passaram por mim, através do vosso amor permanente, e para sempre. Um amor que não cabe em “papeis”, um amor que não conhece o fator tempo.
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![]() No verão passado, a mãe Clarisse foi para um lugar azul. Eras só tu e ela. Não resistiu àquela maldita doença que a consumia há anos. Os médicos sussurravam que era um milagre ter resistido por tantos anos. Mas, a fé inabalável em Deus e o amor, excecionalíssimo, que ela sentia por ti, Ju, foi mais forte que os desígnios da ciência. No verão passado foi embora. Choraste a morte física da mãe de uma forma muito tua, muito pura, porque sabes que apesar de não a veres ela está sempre contigo. Sempre! - Mãe Clarisse, Céu! Dizes-me tu! E eu acredito. E é no final do dia que me ligas, ou momentos antes de dormir para me dizeres: - Tou! Tás fixe? - Bou urmir (vou dormir). - Nana Jesu! E é assim desde o verão. Gostava tanto de te voltar a ver, Ju. Tanto! Um dia, quem sabe? Sabes, Ju, já valeu a pena, por ti e pelos outros meninos especiais, ter feito esta minha escolha: ser professora da educação especial. Há alturas em que me apetece desistir, que acuso extremo cansaço, por não conseguir fazer mais por vós. Sufocam-me as limitações do sistema e a tonelada de burocracias que o mesmo sistema nos impõe, Ju, e que felizmente nunca compreenderás! Cegam-me os “papeis”, cegam-me as tentativas de sensibilizar alguns professores para vos integrar nas turmas (ainda os há, Ju, poucos, é certo, mas ainda os há)... Sabes, Ju, já não me importo com a minha avaliação enquanto professora, porque a avaliação mais fiel tu já a fazes. Tu e todos os outros alunos que passaram por mim, através do vosso amor permanente, e para sempre. Um amor que não cabe em “papeis”, um amor que não conhece o fator tempo. Podem passar “mil anos” mas haverá sempre a memória de um carinho inapagável em que o ontem não existe como passado. O nosso ontem será sempre hoje e amanhã. Nada nem ninguém poderá apagar a histórias de uns “alunos especiais” com a sua simples professora da… educação especial! Tenho-vos a todos no meu coração… E sei que também me têm no vosso! - Nana, tu também, com o Jesus, Ju! A professora gosta muito de ti! Num... para sempre! |
Manuela CunhaProfessora Especializada em Educação Especial e autora dos livros Autismo - Um perturbação pervasiva do desenvolvimento e Semeadores de Afetos" - Vivências Reais de uma professora da Educação Especial.
Mentora, formadora e coordenadora dos projetos: "Escola de Pais Especiais"; "Aprender a ser Pais Felizes com um filho com deficiência"; " Aprender a ser Pais Emocionalmente Inteligentes" e "Sala de Aula Desenvolvimental - Crianças Especiais".
Mestre em Ciências da Educação, no ambito da Inteligência Emocional.
Mentora, formadora e coordenadora dos projetos: "Escola de Pais Especiais"; "Aprender a ser Pais Felizes com um filho com deficiência"; " Aprender a ser Pais Emocionalmente Inteligentes" e "Sala de Aula Desenvolvimental - Crianças Especiais".
Mestre em Ciências da Educação, no ambito da Inteligência Emocional.
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