EDUCAÇÃO
Armanda Zenhas
Bem-vindo 2021
Bem-vindo, 2021, o ano da esperança (mesmo que ensombrada pelo novo e preocupante recrudescimento da pandemia).
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Era uma vez um ano que entrou em cena no meio de grandes convívios e festas em que famílias e amigos se juntaram para o acolher. Era o ano de 2020. Mal sabiam as pessoas que estavam a acolher festivamente um ano que seria “para esquecer”. A doença invadiu as cidades, as casas, os corpos, o mundo. Todas as pessoas passaram a conhecer de perto palavras que antes desconheciam ou achavam muito distantes de si: pandemia, confinamento, estado de emergência, recolher obrigatório. Com a pandemia, o desemprego cresceu rapidamente e de forma assustadora e alastraram privações de toda a espécie.
Era uma vez o ano de 2020, em que, no meio de desmedida incredulidade, coisas banais do quotidiano se tornaram proibidas, tornando palpável a sua importância vital e, angustiante, a sua falta. Ai as saudades de um abraço ou de um beijo; as saudades de encontros com os amigos; as saudades de ir à praia, ao café, ao parque, sem restrições e sem receio! Ai as saudades de frequentar a escola sem máscaras; das aulas em que o professor podia circular entre os alunos tirando dúvidas, e em que os alunos podiam formar grupos de trabalho partilhando ideias e materiais; dos intervalos em que se podia conviver com os amigos de modo natural e despreocupado, conversando, dizendo segredos ao ouvido, jogando à bola.
Era uma vez o mês de março de 2020, o mês em que o confinamento se impôs e, com ele, o fecho das escolas. E foi assim que, por imposição da pandemia, nos meses que se seguiram, o uso de meios digitais cresceu exponencialmente, com todas as oportunidades que oferece e com todos os riscos que comporta. A escola iniciou um processo de reconfiguração pelo qual não esperava e no qual o digital ocupará um lugar de destaque, quer sendo utilizado na sala de aula, quer possibilitando a comunicação à distância. Os primeiros passos dessa escola do futuro nascida em março de 2020 deixaram clara, todavia, a imprescindibilidade da escola presencial e da figura do professor.
Era uma vez o ano de 2020 que se aproximava do fim com a escola pública a mostrar que, malgrado a dimensão e imprevisibilidade das dificuldades e dos desafios, se consegue reinventar; mas reclamando também a atenção do poder político para nela investir, de modo a que essa capacidade não se esgote.
Era uma vez o ano de 2020 que partiu sem que as famílias e os grupos de amigos tenham podido festejar em conjunto o seu fim e dar as boas-vindas ao novo ano de 2021, nascido sob os auspícios da tão almejada vacina.
Adeus, 2020. É justo dizer que nem tudo foi mau. A ciência e o conhecimento foram verdadeiros heróis que, pelos esforços conjugados de muitos cientistas e do poder político com eles, geraram as vacinas que chegaram a todo o mundo antes mesmo do teu fim.
Bem-vindo, 2021, o ano da esperança (mesmo que ensombrada pelo novo e preocupante recrudescimento da pandemia). Quase adivinho os desejos que cada pessoa formulou a cada uma das doze passas que comeu no teu dealbar. Que histórias poderemos vir a contar sobre ti?
Professora profissionalizada nos grupos 220 e 330. Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Professora profissionalizada do 1.º ciclo, pela Escola do Magistério Primário do Porto.
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