PEDIATRIA
Serviço de Pediatria do Hospital de Braga
O meu filho tem enxaqueca! E agora?
As cefaleias, mais conhecidas como as "dores de cabeça", são uma queixa bastante frequente em idade pediátrica, tratando-se de uma das principais causas de absentismo escolar! Entre os diferentes tipos de cefaleias encontra-se a enxaqueca que, frequentemente se inicia em idade pediátrica.
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O que é a enxaqueca?
Falamos de enxaqueca para definir um episódio de dor ou mal-estar referido à cabeça, que pode ser uni ou bilateral, de intensidade variável, que é agravada pelo movimento e que pode durar entre 1 a 72 horas.
A enxaqueca pode surgir associada a náusea, vómitos, fono e fotofobia (agravada pelo som e pela luz, respectivamente) e um desejo intenso na procura de um lugar calmo e escuro para descansar. Esta, por vezes, pode ser precedida ou acompanhada de aura (sinais ou sintomas neurológicos que "avisam" que a cefaleia vai aparecer), que dura normalmente 15 a 30 minutos.
A aura visual é a mais comum e consiste em manchas negras, luzes ou riscas que podem afectar um ou ambos campos visuais. A existência de outros tipos de aura como hemiparésia (diminuição da força em metade do corpo), cegueira unilateral, vertigem ou confusão deve motivar a observação por Pediatra. Da mesma forma, no primeiro episódio de cefaleia com aura a criança deve ser observada de modo a excluir patologias mais graves.
Existem factores que podem despoletar a enxaqueca?
Sim, existem alguns factores precipitantes já identificados, entre os quais se incluem o stress, a ansiedade, depressão, alterações no padrão de sono e das refeições, luzes e ruídos intensos, alguns alimentos e bebidas, excesso de exposição solar, excesso de atividade física, entre outros.
Como proceder perante uma enxaqueca?
O tratamento da enxaqueca consiste, numa fase inicial, na educação da criança e da família de modo a que estes sejam capazes de identificar e posteriormente evitar possíveis factores precipitantes. Entre outras medidas incluem-se a criação de hábitos de sono regulares, horário de refeições e alimentação adequada, hidratação adequada (especialmente em dias de maior calor), a prática desportiva e a evicção de situações de stress.
Em termos farmacológicos, os analgésicos (paracetamol e ibuprofeno) são a primeira linha e devem ser dados logo no início da dor e nas doses corretas, isto é, ajustadas ao peso da criança.
Durante a crise, deve ser procurado um local silencioso, com pouca luz e que permita o sono, uma vez que, nas crianças mais pequenas, o sono pode ser suficiente para reverter a enxaqueca.
O tratamento profilático, de forma a diminuir o número e intensidade dos episódios, está indicado nalguns casos e exige seguimento regular em consulta.
Qual o prognóstico?
A enxaqueca, como qualquer doença crónica, pode persistir até à idade adulta, contudo, nos rapazes adolescentes, as crises tendem a diminuir (ou até mesmo desaparecer), ao contrário do que normalmente acontece nas raparigas, nas quais, devido às alterações hormonais, pode haver um aumento da frequência.
André Morais, com a colaboração de Liliana Abreu, Pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga
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